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Eu tive a ideia de falar sobre isso após ver a mãe de duas conhecidas minhas falecerem de câncer e mais três serem diagnosticadas. Nenhuma delas saiu espalhando pelo Facebook que a mãe estava doente, algumas eu descobri por comentário de pessoas próximas a elas e outras por investigação no perfil quando vi algo que me chamou atenção e algumas quando infelizmente vieram a óbito. Eu não podia imaginar que alguém que eu via na faculdade todos os dias, que eu achava o jeito um pouco irritante, carregava consigo algo tão impactante quanto uma mãe muito amada com uma doença tão grave assim e aí surge o título deste texto: você não sabe o que passa na vida dos outros.
Sei que isso pode soar um pouco clichê, e é clichê, mas a verdade é que as pessoas são tão rudes com as outras que parece que vamos precisar repetir isso mil vezes até isso ser colocado em prática. É tão comum julgarmos os outros, reclamarmos porque alguém foi grosso de maneira desnecessária conosco que esquecemos que essa pessoa pode estar com um problema mil vezes maior e não sabe lidar com ele. Claro que não estou defendendo a grosseria gratuita porque ninguém tem culpa que a sua vida está horrível, mas não devemos levar tudo tão a ferro e a fogo. Se alguém que normalmente é um amorzinho de repente começa a ser grossa, ao invés de xinga-las pelas costas é muito mais digno conversar com a pessoa e ver se tem algo rolando.
Empatia é algo que se fala muito, mas que em geral as pessoas têm dificuldade em colocar em prática. Não estou me excluindo disso, não. Se colocar no lugar do outro é algo muito mais fácil de falar do que fazer, essa é verdade. Nós também temos os nossos problemas e se nós nos tornamos pessoas super empáticas corremos o risco de deixar a nossa vida de lado. Eu tive uma fase que isso definitivamente era um problema para mim: eu pensava tanto nos outros que me deixava de lado. Tolerava tudo de todo mundo o tempo todo e isso estava me fazendo muito mal. Eu tive que aprender a dizer não. Eu tive que aprender a me colocar em primeiro lugar.
Em alguns momentos que algumas pessoas estavam preocupadas demais em me chamar de egoísta só porque eu não estava sendo mais tão "boazinha" (na verdade era trouxa mesmo) que elas não tiravam os olhos do espelho e viam que o outro jeito estava me fazendo muito mal e então eu aprendi que essas pessoas não gostavam de mim por quem eu era, porque me achavam uma boa companhia e sim em quanto útil eu era para elas. Eu não era mais tão amiga assim quando eu aprendi a dizer não. Para essas pessoas eu estava sendo super egoísta, mas para mim eu só estava querendo sobreviver.
Não tem como não errarmos, nunca julgar uma pessoa ou situação de maneira precipitada, mas podemos nos esforçar para olharmos a situação da maneira mais ampla possível. É difícil mudarmos nosso ponto de vista, mas devemos treinar nosso olhar para encararmos a realidade de outra maneira. Não existe só um lado correto e o mundo não é preto e branco. É preciso aprender a diferenciar os tons de azuis e vermelhos que têm por aí antes que a nos aprisionemos em um mundo que só existe para a gente.

Você se considera alguém tolerante?

Beijos
S.S Sarfati

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