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Eu já disse um milhão de vezes, mas vou dizer outro milhão: em 2014 me formei no Ensino Médio e na escola onde estudo o terceiro ano faz uma despedida perante ao restante da escola e quem escreveu o texto da minha turma fui eu e como eu gostei muito (sucesso de público e crítica também) eu decidi compartilha-lo. Como é um texto de despedida da minha turma, tem algumas piadas internas (como a parte que falo de cada professor) e que a maioria das pessoas não vão entender. Ao contrário do que eu costumo escrever, não é um texto com verdades universais. De qualquer forma, espero que gostem:


Quando somos novos nunca temos a impressão que este momento vai chegar, que um dia vamos estar nos despedindo do Ensino Médio, da escola e de toda uma fase importante da nossa vida. Todas as fases são importantes, isso é fato, mas é nesta fase que nós passamos a construir nosso mundo, nossa identidade e, talvez o mais importante, o mundo que queremos viver e as pessoas que queremos ser, ou seja, começamos a construir nosso futuro.
A época da escola é a única época em que vivemos pensando no presente para pensarmos no futuro. São muitos desafios e muitas decisões a serem feitas. E como se não fosse só isso, temos todo um grande contexto em nossa volta que não somos capazes de influenciar em nada, mas que mesmo assim devemos aprender a viver com isso sendo sempre fruto da consequência de decisões que não tomamos. Efeitos colaterais.
Pois então, no dia de hoje, damos adeus a momentos que achamos que seriam eternos ou que, no mínimo, iriam demorar mais para chegar. Vamos dizer tchau as noites mal dormidas, as lições de casa esquecidas, as duplas de três, aquela conversinha fora de hora, aqueles comentários sem sentido, mas ainda sim engraçados. Nós vamos sentir falta também, e principalmente, das pessoas que compuseram o terceiro C, afinal sem as pessoas nenhum destes momentos seriam possíveis: das pessoas engraçadas, das pessoas mais sérias, das pessoas mais falantes, das pessoas mais quietas, das mais esforçadas e até das pessoas que não estão mais conosco, que foram buscar a felicidade em outro lugar.
Vamos sentir falta do seu Saud sempre tentando nos dizer que o caminho mais fácil é o da regra, mesmo sabendo que, por conta da idade, muitos de nós só entenderemos isso no futuro. Vamos sentir falta dos professores também: sempre tentando nos ensinar da melhor maneira, mesmo que seja do jeito deles. O que seria toda nossa educação sem essas bravas pessoas que tentam nos ensinar mesmo quando parecemos não estarmos muito afim de aprender? Mesmo tentando evitar vamos sentir saudades daquele professor que conta piadas que rimos só para não pegar mal, daquele professor que diz que se não estudarmos teremos uma árvore no nosso lugar na foto de formatura, daquela professora que sempre tem um filme para tudo, daquele professor que agradece ao Papai o Céu pelo silêncio que a sala vai fazer, daquele professor que nos ensina com questões de final de semana, daquela professora que faz perguntas ela mesma sobre a matéria, daquele professor que diz que somos carentes, daquele professor que diz para apenas respirarmos na aula dele e até daquela professora que gosta do Padre Fábio de Melo. Talvez saudades nem seja a palavra ou sentimento certo, talvez o que vamos sentir mesmo é falta - como se algo que antes nos completasse agora não estivesse mais lá e tivéssemos que completar por nós mesmos.
Sabemos que no futuro tudo isso será apenas uma memória distante, que não iremos mais ligar para as provas que fomos bem ou não, para as atividades que deixamos de entregar, para aquele colega que não parece simpatizar muito ou até mesmo para aquele professor que nos irrita. Iremos demorar  para lembrar o nome de todos os nossos colegas, quem ensinava cada matéria, aonde foi a sala que estudamos e outros detalhes que hoje aos nossos olhos parecem coisas simples demais para nos preocuparmos. Devíamos ter realmente aproveitado o dia.
Passamos várias horas da nossa vida na escola, muitas vezes contra nossa vontade e até mesmo reclamando. Já repararam como reclamamos? Reclamamos de boca cheia. A escola é o único lugar onde temos liberdade de errar sem sermos julgados, de falhar podendo tentar de novo e de ter sempre alguém pronto para nos ajudar.  Estamos chegando ao melhor fim que poderia existir: o fim do começo das nossas vidas. 

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