Sabe quando você começa a ler um livro e nas primeiras páginas já começa a desconfiar do final do livro? Quando você tem a nítida impressão que você já entendeu tudo e que por isso a leitura não vai ser tão animadora assim? Pois bem, foi exatamente esta impressão que tive com O Chamado do Anjo, mas a verdade é que eu não poderia estar mais errada. O início parece bem comum, nada demais, arrisco a dizer que parecia até mesmo um pouco chato, mas eu já havia lido A Garota de Papel e tinha sido um experiência maravilhosa, então decidi insistir um pouco mais no livro antes de fechar a cara e talvez até abandona-lo.
Nova York, Aeroporto JFK. Na sala de embarque lotada, um homem e uma mulher se esbarram, espalhando suas coisas pelo chão. Após uma discussão banal, cada um segue seu caminho. Madeline e Jonathan nunca haviam se visto e jamais deveriam voltar a se encontrar. Porém, ao recolher seus pertences, trocaram por descuido os celulares. Quando percebem o engano, já estão a dez mil quilômetros um do outro - ela é florista em Paris, ele tem um restaurante em San Francisco. Não demora muito para ambos cederem à curiosidade, explorando o conteúdo dos respectivos aparelhos. Uma dupla indiscrição, que leva a uma revelação inesperada - suas vidas estão ligadas por um segredo que eles julgavam enterrado para sempre...
Ele começa com um clima bem descontraído, bem gostosinho, como se fosse uma daquelas comédias românticas de 90 minutos da década de 1990. Para mim era quase que óbvio que os dois protagonistas iam ficar trocando mensagens e iam se apaixonar, mas calma que isso não é spoiler.
É possível comprar este livro com a água que a gente põe para ferver para fazer chá: vai esquentando aos poucos e quando desligamos, no final da história, está na temperatura certa para que o leitor não queira que o livro acabe, simples assim.
A escrita de Musso é cativante: ao mesmo tempo que é simples e sem frescuras, não é rude e não deixa aquela impressão de que o autor estava se cansado da história enquanto ia escrevendo (como alguém que escreve eu aviso: isso é real. Chega um momento em que você não aguenta mais os personagens que você criou. Será que isso acontece com os filhos também?).
Acredito que alguns elementos na história foram um pouco fora da realidade demais, um pouco viajados demais. Na maioria dos casos isso é ok, mas é uma questão de gosto e eu não sou muito fã de histórias cotidianas que têm acontecimentos completamente improváveis, mas segue o baile.
O Chamado do Anjo se tornou um dos meu livros favoritos, juro. Li em ebook e agora estou completamente louca pelo físico. A única coisa no livro que me deixou meio "ué?" foi o título: até que faz sentido levando em conta um personagem que aparece no final, mas ainda sim achei que faltou um conectivo entre o título e a história. Não dá nem para falar que é problema na tradução porque o original, em francês, é L'Appel de l'ange que significa exatamente: O Chamado do Anjo. Vou ficar querendo entender.
Você já passou pela experiência de começar a ler um livro e achar que ele vai ser super chato, mas então ele se torna um dos seus livros favoritos?
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Beijos
S.S Sarfati