Essa imagem não representa somente a minha mãe, mas sim todas as mães ao redor do mundo: fazendo de tudo para proteger seus pequenos (que quase sempre crescem e tornam-se maiores do que elas).
Ao contrário dos últimos anos anos, não escrevi um texto sentimental para minha mãe. Simplesmente não consegui pensar em algo grandioso o suficiente que dissesse tudo o que tenho para dizer. É muita coisa para dizer com poucas palavras disponíveis na língua portuguesa.
Mas é óbvio que não deixei de escrever algo para ela. É uma história, sentimental a sua maneira, sobre um pai indo comprar o presente do dia das mães com seus três filhos pequenos. Um retrato fiel ao jeito cômico e desajustado que um pai é capaz de ter com seus filhos. Como diria minha mãe, um pai nunca vai ser uma mãe.
É uma história de quatorze páginas que está disponível em pdf aqui tanto para leitura online quanto para impressão e download. Para que você tenha certeza que vale mesmo a pena ler até o final, o início do primeiro capítulo está diponível online também. É só clicar em "mais informações" aqui embaixo.
Feliz dia das mães
Beijos
S.S Sarfati
Capítulo 1
Noah acordou
sonolento naquela manhã de sábado, era cedo, por volta das oito. A tentação de
voltar para a cama e ficar enrolado no cobertor se protegendo do vento bobo de
meio de maio era enorme, mas não! Ele precisava acordar, e acordar as crianças
também e não podia fracassar, afinal, o que estava em jogo era o PDDM –Projeto Dia Das Mães. Levantou-se da cama com os olhos entreabertos
e se dirigiu ao guarda roupa que havia ali, pegou um jeans qualquer e uma
camiseta de manga comprida preta e vestiu.
Saiu do
quarto ainda de chinelo e foi à cozinha fazer a mamadeira da caçula, afinal,
ele não era nem louco de acordar uma bebezinha de um aninho sem mamadeira,
principalmente se ele não queria que a mãe dela descobrisse. Para sua surpresa,
quando chegou lá, a pequena já estava acordada. Era minúscula, branquinha, com
bastante cabelo cobrindo a sua pequena cabeça, seus olhos eram arregalados
naturalmente e escuros como os da mãe. Estava vestida com um pijaminha rosinha
com ursinhos roxos, linda. Ao sentir a presença do pai se aproximando, os olhos
da pequena se arregalaram ainda mais e só relaxaram quando a presença masculina
tão ansiada estava a tomando em seus braços.
-Bom dia –
disse ele sorrindo para ela – Parece que alguém já estava acordada quando o
papai chegou... Quer um pouco de leitinho? – Disse ele colocando delicadamente
a mamadeira sobre a pequena e delicada boca. – Sabe o que eu, você e os seus
irmãos vamos fazer hoje? Comprar o presente da mamãe... É amanhã é o dia dela,
é o dia das mamães... Alguém já te disse como você fica lindinha tomando
leitinho? – disse, rindo– É você parece ainda menor no colo do papai... Minha
princesa. – Disse ele depositando um beijinho aa testa da filha, que parecia
ter se cansado de tomar leite. – Que tal agora você deixar o papai te trocar? –
Ele colocou a mamadeira quase vazia na cômoda perto do berço e a filha no
trocador, abrindo uma das gavetas para procurar uma roupinha: optou por um
belíssimo conjuntinho vermelho, com direito até a lacinho na cabecinha e tudo.
- Assim como
a mamãe faria! – Disse ele.
Em seguida,
ele a colocou no seu carrinho e o deixou em frente à televisão, no mudo,
assistindo aos desenhos da manhã, a menina parecia gostar deles e parecia
entretida ao ver aquela quantidade de cores que parecia que a qualquer momento
iria saltar a televisão. Em seguida, foi acordar o pequenino Josh, que dormia
no quarto ao lado ao da caçula. Quando adentrou o quarto do filho, Noah notou
que uma enorme pista de carrinho tomava conta do chão, o que o obrigou a
adentrar o quarto cuidadosamente para não pisar em nada. Quando chegou perto da
cama sentou-se na beirada dela e cutucou o filho.
-Josh,
Josh... Está na hora de acordar.
-Papai? –
Disse o menino com a voz ainda fraca. -Cadê a mamãe?
-A mamãe está
dormindo...
-Por que a
mamãe está dormindo?
-Porque ela
não está acordada.
-Por que ela
não está acordada como você, papai?
-Porque hoje,
eu você e as suas irmãs vamos sair para comprar o presente da mamãe.
-É
aniversário dela?
-Não, é o dia
das mães.
-O que é o
dia das mães?
-Dia das mães
- é uma data em que os filhos se reúnem com os papais e compram um presente
caprichado para as mamães.
-Isso
é legal?
-Que tal você
acordar para descobrir?
-Tá. – Disse
o menino levantando da cama.
-Então, que
tal deixar o papai escolher uma roupa para você vestir?
-Papai, eu
quero me vestir igual a você. – Noah
sentiu um misto de surpresa e felicidade ao escutar essa frase. Ele nunca tinha
escutado o seu menino dizer que queria se vestir igual a ele. Em outras
palavras, ele estava dizendo que queria ser que como ele, certo?
-Claro. –
Disse Noah sorrindo enquanto caminhava em direção ao guarda-roupa procurando
roupas o mais parecidas possível com as que ele usava. Depois de bastante
procura, ele achou uma blusa de manga curta preta e uma calça jeans, vestiu o
menino e disse:
-Gostou?
-Papai, eu
estou com frio.
-Imagino,
deixe-me ver o que eu acho por aqui. – Disse Noah se dirigindo novamente em
direção ao guarda roupa, mas dessa vez, porém, ele não achou nada. Então o
vestiu com uma simpática jaqueta jeans que achou.
-Mas papai,
eu não estou mais parecido com você.
-Sabia que o
papai usa bastante jaquetas como essa?
-Bastantão?
-Bastantão. –
Disse o pai sorrindo, seguido pelo menino que também sorriu. Noah caminhou com
ele para a sala onde estava a irmã mais nova. Noah fez um pouco de leite para o
menino e deu para ele.
-Agora o
papai vai lá acordar a Liz e você vai ficar com a Brenda.
-Mas e se ela
chorar?
-Papai vai
vir correndo.
-Vai mesmo?
-Prometo.
-Mesmo?
-Mesmo. – E o
menino o sorriu orgulhosamente.
Noah voltou a
caminhar no corredor que o levava para os quartos. Não sabendo o que poderia
encontrar no quarto de paredes lilás, ele caminhou vagarosamente até perceber
que não corria o risco de esmagar nenhuma boneca com seus pés. Caminhou até a
cama da mais velha, fazendo o mínimo de barulho possível para não acordá-la.
Ela tinha pele clara e cabelos escuros um pouco encaracolados, ela não era
muito grande e tinha o tamanho ideal para ainda caber no colo do pai. Com dó no
coração, Noah agachou-se à altura dela e tocou a delicada pele do seu rosto
infantil com seu dedo, fazendo a menina soltar um barulhinho pela boca e virar
para o outro lado, jogando o coelhinho com quem dormia para o chão. Noah não
poderia desistir de acordá-la, então tirou seu peso de si mesmo e sentou-se na
beirada do colchão e voltou a tocá-la:
-Princesinha?
– Ela apenas respondeu fazendo outro barulhinho com a boca – Está na hora de
acordar boneca. Ainda sem entender o que acontecia no mundo a sua volta, a
pequenina abriu os olhos pela metade, encarando a figura paterna que olhava
para ela com um misto de carinho e afetuosidade.