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Ela olhou seu reflexo e soube que era hora de mudar. Estava cansada da velha imagem que tinha de si mesma, das pessoas, e principalmente da própria vida. Tudo isso estava te causando uma dor e sofrimento que não combinavam mais com ela, eles haviam deixado de ser uma questão de escolha e haviam se tornado verdadeiros fardos a serem carregados. Durante muito tempo ela havia escolhido sofrer, ela queria entender como era sofrer e suas consequências, mas agora, ela já havia conhecido bem demais a escuridão e queria que aquilo saísse do seu corpo, da sua mente. 
Parecia que outra alma habitava seu corpo tomando decisões que ela pouco se orgulhava, fugindo de situações que ela parecia saber que iria gostar. Por que ela estava fugindo do que parecia que iria te fazer tão bem? Por que fugia do que era capaz te salvar? Por que ficar em um lugar que pode te matar?
Queria sair para o mar, voar para longe, conhecer novos horizontes, mas sem perder as velhas referências. Será que ela seria capaz disto? Será que era possível voar alto o suficiente sem se esquecer onde fica o chão? Será que ela conseguiria passar pelas mudanças sem ter a necessidade carnal de voltar aonde estava? 
Afinal, de onde havia surgido esta necessidade transcendente de mudança? Nunca quis mudar, sempre andando pela calçada e pelo caminho mais seguro. Por que ela queria ser outra pessoa agora? Não tinha necessidade nenhuma de se arriscar em meio ao desconhecido, conseguia lidar bem com o que e com o que era. 
Por que talvez ela havia se cansado de facilidade, de ser quem ela não era assim, quando tudo desse errado, ela teria algo ou alguém para culpar, mas nunca ela mesma. Ser vítima fazia parte da sua condição de existência. A partir de hoje decidiu que escreveria a melhor das suas histórias: a da sua vida, das suas decisões, dos seus medos. Ela iria admitir para ela mesma seus medos e assim iria superá-los. 
E em meio de tudo isso escolheu a cor do batom que combinasse com o que passou a sentir, o batom que usaria para sair naquela atípica sexta feira à noite: batom vermelho, mas não só em momentos súbitos de coragem, sempre.

Beijos
S.S Sarfati

UM COMENTÁRIO ❤

  1. Ameei o texto !! É verdade, tem fases da nossa vida que temos que enfrentar os medos e não deixar de viver.
    Beijos !
    prontoarrasei.blogspot.com

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