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'Refúgio no Sábado' foi uma das mais maravilhosas surpresas que eu poderia ter tido neste conturbado 2020. Nunca fui de entender muito as notícias econômicas e por mais que tentasse me inteirar do assunto e acabasse fazendo isso através dos comentários da Míriam Leitão para a CBN, não entendia de verdade o que estava acontecendo. Respeitava o trabalho da Míriam Leitão pela sua história e por seus trabalhos passados, mas não era capaz de entender 'lhufas' dos seus comentários econômicos. Não é você Míriam, sou eu. Fui muito mal na matéria de 'Jornalismo Econômico' na faculdade porque o professor disse que eu não tinha criatividade para falar do assunto.


Outro fato interessante sobre mim é que eu também não costumo gostar de livros de crônicas. Sinto que não me apego ao livro, que a leitura se torna muito leviana e racional e eu prefiro algo mais ‘solto’. E até aí tudo bem, cada um tem uma preferência na hora de ler, mas a questão é que quando comecei a ler ‘Refúgio no Sábado’ eu me deparei com um universo completamente novo e de uma sensibilidade ímpar.


Essa é a minha parte favoritas das crônicas: é como se você pulasse em uma piscina e a água fosse o mundo de quem escreve. É uma imersão involuntária por parte de quem lê e um exercício de nudez de quem escreve. ‘Refúgio no Sábado’ é de tanta sensibilidade que é impossível não terminar o livro se sentindo próximo da autora enxergando ela quase que como um amiga que você não vê há alguns anos. 


Eu me segurei para não grifar quase tudo e não marcar quase todas as crônicas como minhas favoritas. Por isso encerro esta resenha com uma frase do livro: “É comum ouvir que o Brasil não tem historia, nem viveu conflitos e por isso carrega esses defeitos da conciliação excessiva, da aceitação do inaceitável. Fiquei com a impressão este ano de que o país, na verdade, é uma coleção de gritos, revoltas e revoluções locais. E que cada pedaço de nós conhece uma parte desse mosaico de rebeliões com as quais construimos nosso caminho”




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