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Algumas noites eu demoro para dormir e, acredite, não é por falta de sono. Eu estou cansada, com sono e deitada, mas alguma coisa dentro de mim não se acalma para que eu consiga dormir e me sentir pronta para encarar os desafios dos próximo dia.
É algo estranho. É algo sem nome. É algo que eu verdadeiramente desconheço do fundo do meu coração. É um sentimento grandioso, só que não um grandioso realmente grande, é um grandioso completamente cheio de vazio. Um vazio dolorido e apertado que parece querer ultrapassar os limites do meu corpo para que assim possa crescer e matar todos de vazio. É horrível! 
É um vazio difícil de lidar, não que exista um vazio que seja fácil de lidar, mas esse em específico é conhecido pela crueldade na hora de agir, ele tortura você até as suas últimas consequências. Esse vazio é aquele vazio que lembra de você quando nem você mesmo é capaz de lembrar de si. 
É aquele vazio que grita por algo grandioso, que faz você desejar com cada célula do seu corpo que algo grandioso surja do nada porque você não se sente capaz de mudar a sua própria história, aquela que você se pega escrevendo um pedacinho todos os dias, mas sabe que não suportaria lê-la se não fosse a obrigação penosa que fosse vivê-la. 
Às vezes você só quer que algo mude e não porque está totalmente infeliz, mas por estar parcialmente feliz e achar que merece ser totalmente feliz. Por achar que se a vida te der uma pequena oportunidade você vai fazer bom uso dela, mas você acorda todos os dias com a nítida impressão que a vida esqueceu de te premiar com a oportunidade certa e passa a agir como se ela de fato tivesse alguma obrigação com você. Ela não tem e você sabe disso. Acordar é apenas para que possa receber a oportunidade e não porque acha que vale a pena caçar a sua, no fundo, você se sente incapaz de qualquer coisa que dependa inteiramente de você. 
Você sonha porque sabe que sonhos são ilimitados, porque neles as coisas acontecem como você quer e não como você precisa, porque você sabe que o remédio é mais amargo que a cura e você só quer ser curado. Você se pergunta quem decidiu isso e a resposta é um vazio ecoante dizendo que foi você, mas você não sente como se tivesse tomado as decisões erradas - embora sinta o presente esteja todo bagunçado. Você se pega em uma dúvida cruel e uma esperança mais vazia do que o próprio vazio que te atormenta: o futuro até pode dar medo por ser incerto, mas essa é a maior vantagem dele.

Beijos
S.S Sarfati

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