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-Oi meu amor. Eu pensei que você saia só depois das oito do trabalho hoje. Aconteceu alguma coisa? - perguntou Noah, preocupado, assim que atendeu a chamada da sua pequena. 
-É, mais ou menos. Quero dizer eu estou meio doente e vou para casa mais cedo. Eu sei que eu não deveria estar te ligando, mas se fosse ao contrário eu iria adorar que você me avisasse.
-Sami você está indo para casa?
-Estou.
-Em meia hora eu te vejo, tá?
-Noah, não precisa. Eu vou ficar bem. Não se preocupe.
-Eu não estou perguntando se você precisa ou não de mim. Eu vou ai ficar com você e pronto.
-Obrigada Noah.
-Não precisa agradecer. Eu te amo tá? 
-Também.
-Beijo.
-Beijos.
***
Noah sabia que aquelas escadas não eram tão grandes assim, mas naquele momento, aquelas escadas pareciam ter o dobro da altura que tinham originalmente. Ele subia apressado, tomando cuidado para não cair. Ele estava preocupado com sua pequena. Ele sabia que não deveria ser nada demais, que era só um resfriado bobo, mas ele queria cuidar dela. Quando finalmente chegou ao apartamento dela e conseguiu colocar a chave na fechadura e girá-la, foi um alívio. 
-Saminha, cheguei - gritou Noah enquanto colocava sua mochila na mesa perto da porta.
-Oi meu amor - disse ela se aproximando com uma caneca de leite em suas mãos - Quer um pouco? 
-Não, estou bem - risos - Incrivelmente, mesmo doente, você está linda como sempre. 
-Jura?! - disse ela olhando para si. Ela vestia uma calça de moletom azul e uma camiseta de manga curta branca, enquanto seus fios de cabelo estavam presos em um bagunçado coque -Bem, obrigada. - risos.
-Só não gostei desse pé descalço no chão.
-Para de bancar o chato? Eu já ia colocar uma meia. 
-Eu tenho certeza que ia.
-Virou minha mãe por acaso?
-Não. Mas seu pai talvez - risos.
-Deita na cama, enquanto busco uma coberta e uma meia. Ah, liga a televisão também. Eu trouxe alguns filmes. 
-Sério? Quais?
-Desses de menininha. Do tipo que você gosta.
-Eu não me importaria de assistir os filmes que você gosta.
-Eu sei. Mas um pouco de aguinha com açúcar não mata ninguém, não é? 
-Você é muito carinhoso - disse ela depositando um beijo na sua bochecha quando ele voltou com a coberta e a meia - O que tem na mochila? 
-Várias coisas - disse ele caminhando em direção da mochila no outro canto do apartamento, que era minúsculo - Filmes, chocolate em pó para você.
-Como você descobriu que eu como chocolate em pó?
-Foi um palpite - risos - Achei que você iria precisar hoje.
-Eu adoro comer chocolate em pó quando eu estou carente.
-Mas você não vai ficar carente. Pelo menos não enquanto eu estiver aqui! 
-Te amo Noah.
-Eu também te amo pequena - disse ele dando um beijo na testa dela, que nessa altura, já estava praticamente deitada na cama com ele sentado ao seu lado - E, eu trouxe algumas roupas. Para poder ficar aqui pelo menos essa noite enquanto você estiver doentinha.
-Então você dormir abraçadinho comigo?
-Sim.
-Você vai me perguntar se eu quero leite, comida, essas coisas?
-Vou.
-Ai Noah! Isso é tão bonito da sua parte! Eu não acredito que você esteja fazendo tudo isso por mim. Por mim!
-Sami, você vai chorar?
-Vou! - pequena pausa - Sabe Noah, eu tenho tendência a ficar chata quando fico doente...
-Só quando fica doente? 
-Noah!
-Brincadeirinha.
-Mas eu fico chata, pegajosa, carente, tudo isso quando fico doente. 
-A parte de carente eu dou conta. 
-Você é tão confiante... Por que não escolhe o filme?
-Tudo bem. 
***


Já se passava das duas da manhã quando Noah chegou em casa. Poderia parecer estranho para qualquer um ver Noah chegando em casa tão tarde em uma sexta a noite, mas para eles era normal: Noah era técnico de som em uma empresa de eventos. O que não era normal, era encontra-la comendo coxinha na mesa da pequena cozinha naquele horário. 
-Achei que ainda estaria dormindo.
-Não... Dormi das quatro as onze... Credo! Eu nem terminei de ver o filme com você. 
-Tudo bem. Só para avisar, a Sophie e o neto da senhora ficam juntos. 
-Noah! Por que você tinha que me contar?! Eu não queria saber! Estava tão animada que hoje eu iria assistir o filme de novo!
-Veja pelo lado bom, tem mais uns três filmes dentro da mochila para assistirmos...
-Mas eu queria esse!
-Tudo bem! A gente assiste esse!
-Mas agora eu já sei o final, não tem mais graça! - pequena pausa - Noah, eu estou tão chata! Por favor, me abraça! - disse ela jogando-se em direção ao rapaz que prontamente a abraçou.
-Ei pequena, estou aqui. Calma. 
-É que eu fico tão chata quando estou doente! Tão grosseira, tão estúpida...
-Eu aprendi a relevar tudo isso tá? - disse ele fazendo carinho no cabelo, agora solto, da menina - veja pelo lado bom: ver você comendo é um ótimo sinal. Por que quando você melhora, você fica super esfomeada.
-VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DE GORDA?!
-O que? Gorda? De jeito nenhum!
-Você acabou de dizer que eu fico esfomeada!
-Entenda bem o que eu disse: eu disse que você fica, um estado de espírito, uma ação momentânea, não uma ação constante.
-Vai pro inferno você e seu conhecimento gramatical! Eu te odeio! - disse ela se dirigindo a sua cama.
-Sami, por favor, volta aqui. Você sabe que não foi isso que eu quis dizer... 
-Te odeio! - disse ela enquanto deitava de bruços.
-Não diz isso...
-E eu não quero você sentando-se do meu lado! Você é um idiota, insensível, cretino e eu me odeio muito por ter me apaixonado por você, e ainda mais por continuar me apaixonando por você todos os dias!
-Eu só disse que você fica com muita fome, as vezes. Mas só isso. - pequena pausa - Você ainda está apaixonada por mim? 
-Eu me apaixono todos os dias por você Noah... É tão difícil perceber? Você me força a isso... Quero dizer, você veio cuidar de mim. Com filmes, chocolate... Veio disposto a dormir abraçadinho comigo. Mas é lógico que eu vou continuar apaixonada por você...
-E mesmo assim me odeia? - risos.
-Amor e ódio são duas faces da mesma moeda.
-Se assim prefere... Olha, se você quiser eu vou embora. Mas eu não estou muito afim de ir.
-Você está afim do que? 
-Sabe quando você está sonolenta, eu ajeito o cabelo atrás da sua orelha, te abraço com os dois braços e você parece uma menininha nos meus braços?
-Sei.
-É um plano bom para você? 
-É um plano suficientemente bom para mim. 


Beijos
S.S Sarfati

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