Image Map


Onde eu estava mesmo da última vez que nos falamos? Ah sim, auto retrato e milk shake. E que milk shake! Ainda é meio confuso para mim o por que eu ter decido compartilhar fragmentos da minha em um diário virtual, afinal, se é diário por que tem que ser compartilhado? Mas é virtual, não é? 
Digo que vou compartilhar fragmentos da minha vida por que não vou compartilhar simplesmente tudo. Vocês não irão saber minha história toda simplesmente por que não quero que saibam. Quero ser misteriosa pela primeira vez na minha vida. Haverá lacunas ao longo dos nossos trinta dias narrados por aqui. Talvez eu não conte qual o estopim para determinado fato, talvez eu não conte o fato e apenas suas consequências ou muito provavelmente eu talvez conte o fato, conte as razões e não passe disso. Se depender de mim, ficarão todos na curiosidade cega e doentia. Doidos para completarem as lacunas da minha vida da maneira que bem entenderem. Apesar de ser uma curiosa de nascença, não quero que me contem o que imaginarão para mim. Quero ter mistério sobre a minha própria vida também. Quero ser misteriosa assim como o céu de hoje. 
Não há estrelas no céu hoje. Nunca há estrelas no céu de onde eu moro. Eu moro na cidade grande, na cidade grande não há como existir nada que brilhe mais do que as luzes dela própria. Na cidade grande tudo que corre o risco de ofuscar o brilho de seus solitários moradores é imediatamente escondido. A solidão nos mata constantemente e essa falsa ilusão de brilho é que nos acalenta a alma. Adorável, não? 
Está frio o suficiente para eu precisar me agasalhar para ir me debruçar na janela da sala. O termômetro diz estar cerca de 16°C, mas não sei se quero acreditar nisso. Acredito que está frio o suficiente para eu ter que me agasalhar. Gosto das coisas o mais simples possíveis. 
Talvez a grande questão da vida, o grande elo perdido da felicidade humana, é a simplicidade. Complicações não nos traz felicidade, mas não se iluda achando que uma vida de desapego trará. Nenhum excesso é bom, o equilíbrio é a palavra chave. O céu de hoje está simples, porém equilibrado. O vento sopra uma brisa suave que apesar de gelada, aquece a alma. O céu está paradoxal. Assim como minha vida. Dias de mulher e dias de poeta. 


Deixe um comentário