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Tem algumas palavras ou expressões que escuto por aí que não importa quantos anos eu tenha sempre vou lembrar dos meus tempos de estar vestida em um uniforme brega sentada em uma cadeira desconfortável assistindo uma aula desinteressante como aula de geografia. Em outras palavras quero dizer que sempre vou me lembrar da escola. A palavra "deserto" me remete aquelas aula chatérrimas sobre o deserto africano. Até hoje me pergunto como fui capaz de aprender aquilo. Ok, a escola é importante. Sem mais. Porém tudo aquilo que aprendemos é tão desnecessário.. Quase trinta anos e eu nunca usei a equação da parábola para nada. Falando em coisas chatas e desnecessárias lembrei de uma história para compartilhar com vocês, pacientes leitores: 

Um dia desses Heitor e eu tínhamos combinado de sair no final de semana. Sabe, ver gente, ver mundo, parar de fingir que éramos mobílias das nossas casas. Até que no sábado a tarde ele me mandou uma mensagem dizendo que não ia dar, mas assim, disse de forma seca e fria. Sem coração. E eu não acreditei, lógico. Quem acreditaria em "Nad hj n rola. Bjs" ? Eu certamente não.
Eu estava determinada a descobrir se era preguiça dele de sair ou se ele estava com alguém, então a noite marchei até a casa dele com aquela cara de "não estou arrumada para sair, mas também não estou como fico em casa" e toquei a campainha. Como ele disse alguma coisa por trás da porta, achei que ele estava acompanhando então já estava preparando mentalmente minha cara de traída, indignada e um belo discurso moral para aquele traidor. Até que ele abriu a porta e me encarou por alguns segundos e disse: 

-Você não é o cara da pizza.
-Eu não sou o cara da pizza.
-O que você está fazendo aqui?
-Estava aqui perto. Decidi dar uma passada.
-Você decidiu dar uma olhada aqui. Quer entrar?
-Do jeito que você fala parece que eu preciso de um convite.
-Só estou sendo educado Nad.
-Então...
-Você quer saber por que eu cancelei com você, não é?
-Não, imagina! É que já que você cancelou, estava dando uma volta por aqui perto... No shopping.
-O shopping mais perto daqui é uns 20 minutos. E você mora do outro lado da cidade.
-Talvez.
-Talvez? - disse ele soltando um riso entre os dentes - Estou completamente sozinho, se é isso que você veio conferir. Pode checar o banheiro e ficar para a pizza, se quiser.
-Eu não me importaria se você estivesse com alguém, eu acho.
-Eu me importaria se você estivesse com alguém.
-Por que você desmarcou?
-Eu poderia dizer que estou sem dinheiro, mas prefiro dizer a verdade: estou corrigindo provas. O que é a mesma coisa de dizer que estou sem dinheiro.
-Você poderia ter mentido dizendo que estava doente.
-E correr o risco de você aparecer aqui? Ah não, você já apareceu aqui mesmo assim.
-Por que você é tão engraçado? 
-Eu tenho que ser.
-É o jeito de cativar seus alunos?
-Não. Por que a vida é dura, se eu não for engraçado não me restará nada - e a campainha tocou - Pizza!
-Por que você não me disse?
-A verdade? Sei lá, parecia chato e eu não quis tomar seu tempo. Caso quisesse sair com o Aurélio - Eu fiz uma pausa inquisidora: nada havia sido dito à ele sobre o meu reencontro com o Aurélio - O cara me mandou uma solicitação de amizade no Facebook. Então, vocês voltaram?
-Não quis.
-Você não quer voltar com o seu namorado de Ensino Médio então? Por que não? Achei que você pensasse nele.
-Eu até pensava nele, mas não é como se eu quisesse ter alguma coisa com ele de fato, entende? O plano das idéias parece um lugar bom para eu ter um relacionamento com ele.
-Então é por causa da filha dele?
-Não, eu não quero ter nada com ele - e ele levantou o olhar por cima dos óculos.
-Se você diz.
-E você, namorada? Uma ficante? Alguma professora bonita?
-Nad, não. Você é péssima nisso.
-Nisso o que?
-Em tentar querer saber sobre a vida amorosa das pessoas. Você nunca quer saber.
-Quero saber se você está com alguém. Você não me contaria espontaneamente se estivesse.
-Tem razão, não contaria.
-Mas eu estou te perguntando.
-Você nem me deixa responder! Céus! Não, não estou com ninguém. Sou um homem solteiro.
-Você deveria estar feliz com as suas escolhas Heitor.
-Eu não sou um daqueles caras de trinta que escolhem ficar solteiros para saírem com meninas de vinte Nadine. Eu apenas estou solteiro. Não há escolha alguma, por tanto não há felicidade nenhuma nisso.
-Você é rabugento.
-Não sou! Sou apenas realista.
-Você gostaria de estar com uma menina de 20?
-Se ela fosse sorridente e me fizesse rir, por que não?
-E se eu fosse sorridente e te fizesse rir?
-Por que não? 

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