Quem em pleno 2014
refere-se a si mesmo como ‘colegial’ quando se é, na verdade, aluno do Ensino
Médio? Bem, eu faço isso. Por isso sou uma eterna colegial desiludida. Na
verdade, eu não vejo muita diferença entre ‘Ensino Médio’ e ‘Colegial’: duram
três anos, tem a faculdade depois, são mil e um dramas e passa super-rápido: quando
você se dá conta aquele gatinho do terceiro ano com quem você costumava
conversar quando você estava no primeiro ano, tem a chave de um carro em mãos e
você que agora está no terceiro ano.
Eu estou com quase
17 anos (16 anos e 11 meses) e estou naquela fase “ai meu deus, o que eu faço
da minha vida?!”. Fugindo do clichê, não é qual curso vou assinalar no
vestibular que me assusta e me deixa aflita: é todo o resto. Tanto por que a
nossa vida é bem mais do que o vestibular. Tudo bem, você pode até dizer que
isso é papo de gente burra, de gente que não vai passar no vestibular de uma
universidade pública e tudo mais, mas cara, passar na USP não é o que vai
definir se eu sou ou não inteligente. E o mais chato de tudo isso é que você
tem amigos que já passaram por isso e por serem SEUS amigos são motivos de
comparação na SUA vida. A propósito, eu vou fazer Jornalismo. E quero ser
igualzinha a Louis Lane por que Fátima Bernardes é para os fracos.
Não posso negar que
há certa animação do tipo “Heeey, futuro!”, mas dá medo demais. Por que até
então quando você fechava os olhos para imaginar o futuro, o máximo que você
imaginava era como seria o Ensino Médio. Eu me lembro de que quando entrei no
Ensino Médio, levei quase o primeiro ano todo para parar de dizer coisas como
“o pessoal do Ensino Médio” “Vamos lá à sala da Fulana, no Ensino Médio”. Era
muito estranho eu estar no Ensino
Médio por que o Ensino Médio sempre foi para os outros, mas nunca para mim. Era
minha prima no Ensino Médio, eram os filhos dos amigos dos meus pais no Ensino
Médio, eram meus amigos no Ensino Médio, mas nunca eu.
Por que acabar o
Ensino Médio é mais do que dar adeus à escola: é sair dos limites da escola, se
ver livre e não saber o que fazer com tanta liberdade. Do nada podemos beber
dirigir, assistir filmes proibidos e parar de andar com um RG falso na
carteira. É muita liberdade sem preparo algum. Além do mais, nós somos
obrigados a votar. Como alguém que não sabe controlar o quanto beber para não
sair vomitando nos amigos pode saber como escolher seus representantes? É muita
coisa acontecendo ao mesmo tempo, não há como lidar de maneira descente ou
responsável com tudo isso!
Tudo o que fico me
perguntando é como vai ser minha vida depois que os altos muros da escola não
tiverem o poder de me segurar: Vou me tatuar ou mudar a cor do cabelo? Vou
virar boêmia ou vou continuar preferindo uma pizzada em casa sábado à noite?
Vou estudar tudo o que nunca estudei na escola ou vou ser uma relaxada? Será
que vou dar em cima dos universitários e continuar achando os meninos da minha
idade uns idiotas? Será que um dia vou deixar de caber no jeans 38? Beijos
S.S Sarfati
Ps: escrevi esse texto no ínicio de Janeiro, mas achei que seria legal compartilha-lo com vocês ^^