Image Map


Eu tenho medo do futuro, mas quem não tem? A maior prova disto é a quantidade de pessoas que tentam coisas como leitura de mão, de cartas, de pó no fundo da xícara e de quase tudo que existe por aí para ver se descobrem o que vem por aí. A questão é: tem por que fazer isso? 
É quase um consenso entre as pessoas, com exceção dos controladores de plantão (tipo eu, às vezes), que as surpresas da vida são as melhores: que coisas não planejadas são as mais marcantes, que pessoas inesperadas são as mais inovadoras e que as memórias não planejadas são as que mais planejam nosso futuro, mas mesmo assim sempre tem quem tenta desafiar as leis do acaso e descobrir o que estar por vir. 
O futuro é incerto e os humanos têm medo das incertezas, somos construídos e solidificados em certezas como religiões e governos, mas ao mesmo tempo temos a mania de achar que podemos controlar este senhor que é o tempo quando nós simplesmente não podemos.
Não sou diferente de ninguém, tenho medo do futuro. Medos bobos, coisa da idade. Coisas do tipo: será que vou me dar bem no curso que escolhi? Será que vou ter vários amigos? Será que meus livros vão ser bem vendidos? E o príncipe encantado, será que vem? 
Quando era mais nova eu tentava ler cartas e ler o horóscopo do final do jornal. Hoje, anos mais tarde e uma assinatura cancelada, não olho mais essas coisas, embora tenha guardado as cartas que recortei de algum almanaque de férias da Atrevida (faz muito muito muito tempo mesmo). Eu não acho que esteja mais calma, só acho que eu aprendi a ignorar o medo do que vem e seguir em frente para encarar o que está realmente ao meu alcance de ser encarado. 
Uma coisa que muito me tranquiliza em relação a adulta que vou me tornar (ué, natural eu ter medo disso também) é que as pessoas mais velhas as quais me identifico todas têm uma vida a qual eu não me importaria em ter - não só não me importaria, mas como está nas minhas metas de vida. É engraçado quando rola esse processo de espelho, principalmente quando você se vê em alguém mais novo, deve dar tanta vontade de encher a pessoa de conselhos para que a pessoa não erre o que você errou! Mas se você realmente quer ajudá-la você deve ficar quieta e vê-la errar até aprender. Hoje entendo o que minha mãe dizia sobre a dor de ver alguém que se ama dando cabeçada na vida.
Ok, hoje estou falando como alguém bem mais velha do que eu realmente sou. É uma espécie de nostalgia presente, que estranho! Não há por que ter nostalgia presente assim como não deve haver nostalgia futura, quando o futuro finalmente chegar devemos estar bem acordado para aproveitá-lo.


Beijos
S.S Sarfati
PS: tentei ler as cartas do meu antigo baralho tantas vezes que achei que por um momento elas iriam se levantar da cama e dizer "é colega, a vida não tá fácil para você ai"

Deixe um comentário