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Foi um filme especialmente tocante para mim levando em conta o divórcio recente dos meus pais e a maneira que tudo aconteceu, mas fiquei bem feliz de ter tido a chance de assisti-lo no cineclube. Antes do filme começar o professor avisou que o filme seria tocante, mas eu não imaginei o quanto! Eu não sou muito de chorar, mas não consegui me segurar. A discussão sobre machismo foi inflamada, embora eu discorde de muito que foi dito em relação a família - algumas pessoas não conseguem se colocar no ponto de vista de outras pessoas sem se livrar da antiga visão de mundo. Este é um filme que eu tenho muito carinho, especialmente por ter me atingido de uma maneira tão particular e por ter gerado tantas consequências na minha vida. Ah, também foi o único cineclube que eu cheguei atrasada, o trânsito às vezes é uma chatisse - mesmo em uma cidade pequena.

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“Kramer Versus Kramer” é um daqueles filmes com o incrível mérito de não fazer apenas o espectador chorar, mas sim ter um motivo para chorar simplesmente por que o que é mostrado é algo digno de choro. Não apenas porque uma mãe com um falsa vida perfeita deixa o marido e o filho, mas porque pai e filho precisam aprender a conviver mesmo com todas as inaptidões entre os dois. E o mais interessante é que quando o filme parece ter chegado a um final, acontece a tão comentada briga pela guarda do menino.
Dói quase que fisicamente os sentimentos passados pelo filme, a dor de todos os três é realmente sentida e o que faz desse filme fantástico é como não é possível chegar a uma conclusão depois de assisti-lo: é um daqueles filmes que gera horas de discussão, mas nenhuma conclusão. É tão parecido com a vida real que realmente coloca em dúvida se é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte.
Os dois pais são tanto vilões como heróis, assim como todos os pais do mundo. Ao mesmo tempo em que a mãe erra ao deixar o filho na mão de um homem que não tinha vocação nenhuma para ser pai, o pai erra em nunca ter sido de fato pai do menino. A dor de ter um pai que não cumpre o papel de pai é tão grande quanto à de ser abandonado, mas não é como se esse fosse um aspecto com alguma relevância, ou na época de lançamento do filme ou em pleno 2014, por que para a maioria das pessoas basta ter um pai em casa que automaticamente ele está cumprindo seu papel – seja isso verdade absoluta ou mentira deslavada.
Não é possível negar que foi uma escolha ousada, especialmente por se tratar de um público totalmente adolescente. Não que não sejam capazes de entender o filme, mas mesmo que sem querer, eles sempre verão o filme pela perspectiva de filho, por que isso que adolescentes são: apenas filhos. E o problema dos filhos no divórcio dos pais é que eles pensam que são parte da situação afetada, mas no fundo eles não têm nada haver com a situação. Não importa o que os pais digam e “Kramer Versus Kramer” é um filme doloroso, mas essencial para quem quer entender o ato do divórcio.  

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