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Desde que minha vó faleceu no fim do mês de Maio eu passei a me pegar ainda mais na ideia de quanto a vida é efêmera. Na verdade, o conceito de efemeridade da vida é algo que capturou minha atenção lá no primeiro ano do Ensino Médio em 2012, quando aprendi em Literatura sobre o Carpe Diem e desde então isso é algo que faço questão de ter na minha vida (tem até uma tag com textos assim aqui no blog). Contudo, com o falecimento de um ente querido é natural que questões assim fiquem em evidencia no cotidiano de quem está lidando com a perda.
Minha avó morreu oficialmente em 26 de Maio, Corpus Christi e aniversário de uma das minhas amigas do Ensino Médio, porém foi no dia 15 do mesmo mês em que ela morreu para nós. Ela sofreu um AVC e ficou com a fala paralisada nos dias que se sucederam até a sua morte. Ela pouco ficou consciente desde então e por isso nós todos sabíamos que o fim estava próximo.
Como uma brincadeira do destino, no dia anterior, dia 14, minha mãe ligou para minha vó e elas ficaram mais de uma hora conversando - o que era bem mais do que o habitual. Mesmo assim, como minha vó parecia tristinha, minha mãe ficou de ligar para ela mais de noite. Acabou que fomos ao super mercado e acabamos perdendo a hora de ligar para ela, mas ficamos bem com isso, afinal, haveria o dia seguinte para fazermos isso, certo? Errado. Eu pensei em lembrar minha mãe que ela havia ficado de ligar para a vovó, mas decidi ignorar por não ver urgência em falar com ela. Não sei porque, mas naquele dia em específico, eu fiquei com vontade de falar com ela, mas não falei pelo mesmo motivo: domingo era um novo dia e eu poderia falar com a minha avó todo tempo que eu quisesse. Só que o dia seguinte nunca chegou.
Não tenho palavras para descrever o quanto mal eu fiquei com isso nos dias que se sucederam. Cheguei a comentar com a minha mãe e um outro amigo mais próximo e os dois foram bastante enfáticos ao dizer que não era para eu me sentir culpada de jeito nenhum e bem, racionalmente, eu sei disso. O problema é como emocionalmente eu sou incapaz de entender isso.
Já vai fazer três meses que a vó mais próxima que eu tive se foi e é impossível não sentir falta dela porque embora já não fossemos mais tão próximas do que quando eu era pequena, os meses em que ela passou aqui em casa foram essenciais para que eu entendesse melhor o comportamento dela e até mesmo o da minha mãe.
O que eu quis dizer com essa história toda é batido, mas o amanhã é incerto demais para que desperdicemos. É uma oportunidade rara de fazer algo que não foi feito no dia anterior, dar carinho a quem você não deu e dar ainda mais amor a quem você ama. Mesmo que por um único instante não carregue o arrependimento que vou sempre carregar quando o assunto for a minha vózinha.

Beijos
S.S Sarfatti

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