É bem complicado dizer isso, mas eu tenho uma necessidade inconsciente de sempre atender as expectativas dos outros quanto a mim. Eu me sinto a pior pessoa do mundo quando isso não acontece e quando percebo que por algum motivo, qualquer um, não vai dar para atingir a expectativa do outro eu simplesmente largo tudo. Eu tenho tanto medo de magoar o outro que acabo me magoando.
O que é mais curioso é que olhando para trás eu percebo que minha vida toda foi a base disso, mas eu só fui ter noção disso este. Um dia eu virei para uma amiga e falei "mas porque eu tô fazendo isso? Eu nem quero fazer tal coisa" e então foi como um clique: eu estava fazendo aquilo não porque fazia sentido para mim e sim porque fazia sentido para mim fazer algo para agradar alguém que eu me importo.
Eu não sei se eu só fui ensinada a ser assim ou se é da minha natureza me ignorar completamente em razão do outro ou se é uma mistura dos dois, mas eu sei que eu preciso parar de ser assim. Eu sei que egoísmo não costuma ser uma coisa boa, mas neste caso eu preciso aprender a ser egoísta para a minha própria sobrevivência. Eu preciso aprender a me priorizar e não me sentir culpada por isso. Eu já melhorei muito do que eu era, mas sinto que eu tenho um longo caminho a percorrer.
Claro que responsabilidade emocional com o outro é algo muito importante, mas não tem argumentação lógica em não querer sair com alguém só porque eu acho que a pessoa vai se apaixonar por mim e eu tenho zero chances de me apaixonar de volta. Por que não sair se eu acho que vou me divertir um pouco? Claro que o mínimo que posso fazer é não ser uma cretina, mas eu não posso deixar de viver por medo de magoar o outro. Do mesmo jeito que eu não tenho medo de magoar, ninguém pode ter esse medo. Se magoar, especialmente no campo amoroso, é a coisa mais normal que existe, é quase um mal necessário para você evoluir emocionalmente enquanto ser humano.
As minhas expectativas em relação a mim mesma oscilam entre muito altas e muito baixas, não há meio termo. Eu preciso a ser melhor comigo mesma. Eu tenho que ser tão tolerante comigo quanto eu sou com os outros. Eu acredito que essa minha necessidade de não decepcionar vem de uma vontade de agradar os outros para me sentir aceita pelo outro porque durante muito tempo eu não me aceitava. Não estou falando de sexualidade e sim de aceitar minhas qualidades, defeitos, gostos e tudo mais que faz de mim quem eu sou. Eu passei por uma adolescência complicada que me deixou marcada de várias maneiras negativas e achar que ninguém ia gostar de mim a menos que eu fosse perfeita. A perfeição não existe e ninguém sensato deveria esperar isso de si ou dos outros. Muitas vezes queremos algo ideal porque não sabemos lidar com o real.
Beijos
S.S Sarfati
Beijos
S.S Sarfati