Fazia tanto tempo que eu queria ler este livro que eu nem acreditei quando finalmente comecei e foi justamente para parar com a procrastinação que eu coloquei Os Crentes da Zoe Heller como 4° livro do Desafio Literário #LeiaMaisMulheres. O tema era um livro caro e o escolhido foi este porque paguei mais de R$ 40 reais nessa belezura de tanto que eu estava louca por ele. Com certeza fazia mais de 5 anos que eu estava paquerando este livro e no início de 2018 eu comprei, mas só fui conseguir lê-lo agora em Abril. Em Janeiro eu li Menina de Vinte, Fevereiro eu li Adulta Sim, Madura Nem Sempre e em Março eu li Um Mais Um (a resenha está chegando!), então para o 4° mês do ano procurei algo um pouco mais denso, mas que ainda cumprisse com o requisito mínimo de ser escrito por uma mulher.
Quando o advogado esquerdista Joel Litvinoff sofre um derrame e fica inconsciente no hospital, um grande segredo do passado vem à tona. Audrey, sua esposa, precisa lutar para manter a imagem de seu casamento e tentar impedir que seus filhos descubram a verdade. Estes, porém, têm que lidar com suas próprias crises existenciais. Rosa, uma revolucionária desiludida, acaba sendo levada ao mundo do judaísmo ortodoxo e encontra-se em um grande dilema: comprometer-se ou não com a religião. Karla, uma dedicada assistente social, tenta adotar uma criança com seu marido, mas acaba se apaixonando pelo dono da banca de jornal do hospital em que trabalha. Já o caçula Lenny, filho adotivo do casal Litvinoff, sofre com o vício em drogas. Enquanto lutam contra seus demônios – e uns contra os outros –, os Litvinoff são obrigados a analisar os valores e as crenças que serviram como base para sua família e sua individualidade. Todos precisam encontrar suas próprias respostas e decidir no que ainda acreditam.
O que me chamou mais a atenção no livro que me motivou a querer lê-lo foi a forte menção ao Judaísmo, uma religião que sempre me chamou muito a atenção e conforme a leitura foi se desenrolando percebi que o tema não era tão presente quanto achei que seria. O Socialismo e uma posição política de esquerda é um tema muito mais discutido no livro, ainda que não pareça a primeira vista. Não apenas pelo momento político que o Brasil e o restante do mundo vive (uma acentuação crescente dos movimentos de extrema direita), mas pelo fato de eu estudar em uma universidade com tradição de um pensamento de esquerda em um curso conhecido por grande parte do seu corpo docente e dos alunos seguirem este mesmo pensamento, eu tenho um amplo contato estas ideias então ve-las no livro não me causou a estranheza que pareceu que a autora queria que causasse, além de discutir abertamente o quanto os apoiadores estavam comprometidos com a causa. Inclusive, os nomes dos três filhos vêm de ícones esquerdistas: Lenny (de Lenin, um dos revolucionários russos e principal líder pós- Revolução Russa até sua morte em 1924), Karla (de Karl Marx, fundador do Socialismo e escritor de livros como Manifesto Comunista e O Capital) e Rosa (da Rosa Luxemburgo, considerada por muitos especialistas a herdeira da teoria de Marx).
"Amar não é ceder aos seus desejos porque "parece a coisa certa a se fazer" e sair magoando outras pessoas. Amor é compromisso, é se importar com a família, com a comunidade, é reconhecer algo maior e mais importante do que seus próprios desejos"
O que acho mais relevante destacar sobre Os Crentes é que apesar de ser um livro extremamente bem escrito, ele não conquista, ele é apático. Os personagens seguem esta mesma linha, apesar de serem bem reais, achei eles pouco desenvolvidos e a história é rasa, você passa a leitura toda esperando o livro pegar no tranco e isso nunca acontece. É frustrante. Eu sou uma pessoa que gosta de finais abertos, gosto muito, mas aqui o final não é apenas aberto: é vazio. Não passa para o leitor nenhum senso de conclusão ou coisa do tipo. Quando acaba o leitor fica com aquele sentimento de "Ué, era isso?". Novamente, não sei explicar se fui eu que coloquei expectativas demais no livro ou se ele vende uma ideia de ser algo que não é, só sei que apesar de uma leitura agradável, não é um livro que você se lembre dele 10 dias depois.
Beijos
S.S Sarfati