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Sejamos honestos: hoje em dia está na moda se preocupar com o meio ambiente e de forma alguma estou dizendo que isso ruim, muito pelo contrário, é ótimo! Quem dera tudo que fosse modinha tivesse a preocupação de salvar o planeta em que vivemos. A questão é que várias pessoas que eu vejo participar desse movimento fazem isso não porque estão genuinamente preocupadas com o meio ambiente e sim porque querem se sentir pertencentes a um movimento tão descolado e hipster quanto o da causa ambiental, mas tudo bem, não vim reclamar disso tanto porque isso é ótimo. Que todo mundo que siga modinhas cegamente pare de usar canudos!


O Fast Fashion é um conceito completamente oposto ao do Slow Fashion, pois significa para quem vende lançar várias coleções muito específicas, com itens muito diferentes entre uma coleção e outra, com uma qualidade inferior. Para quem compra significa comprar muitas peças porque teoricamente são peças baratas e de baixa durabilidade, ou seja, são feitas para serem usadas em um curto período de tempo e descarte rápido. Uso limitadíssimo. Só que na realidade isso está acabando com o meio ambiente.


Tecido não é reciclável e leva milhares de anos para se decompor totalmente e quanto mais roupas são descartadas, mais lixo se acumula no planeta. "Sofia, quando eu quero me desfazer de alguma roupa, eu doou", isso é ótimo, mas você já se parou para pensar no que acontece com as roupas quando as pessoas para quem você doou descartam ela? Muitas acabam nem chegando a quem precisa e acabam indo parar em lixões ou sendo incineradas de maneira incorreta e imprópria para a natureza. A melhor maneira que você tem para evitar a produção de lixo é comprar menos roupas, isso porque não estou entrando em detalhes sobre a pegada ecológica da roupa -  que vale desde o lugar em que o tecido é produzido até essa roupa chegar para você, o quanto de lixo é produzido na confecção das roupas, além de considerar o custo social que as roupas geram: várias grandes marcas de roupas já foram pegas produzindo através de mão de obra escrava, péssimas condições de trabalho e com um pagamento que permita que os trabalhadores fiquem abaixo da linha da pobreza. Se você quiser saber mais sobre o assunto, sugiro assistir o documentário The True Cost (tem na Netflix!).


O movimento Slow Fashion veio para ser contra tudo isso: com menos coleções e com peças mais clássicas que permitam que você continue usando a peça mesmo depois que a modinha dela acabar, focando em uma produção mais artesanal e nacional - isso porque quando a roupa é produzida no país onde ela será usada, a sua pegada de carbono diminui drasticamente porque o caminho entre a sua confecção e a utilização é encurtada significavelmente. O mercado brasileiro para uma produção de moda nacional e artesanal é bastante receptivo e em São Paulo, por exemplo, já existem várias feiras que este tipo de produto é comercializado, mas nem tudo são flores e há um longo caminho a ser percorrido. O preço dessas roupas ainda é inacessível para a maior parte da população. "Mas é questão de prioridades" não, não é. Não podemos esquecer que o salário mínimo brasileiro é de R$998, ou seja,  para quem ganha isso não é possível gastar R$100 em uma blusinha de algodão orgânico de produção artesanal. Slow Fashion é sensacional, mas será ainda mais quando for acessível para a grande parte da população e não apenas para uma elite concentrada no eixo Rio-São Paulo. Quem mora no sudeste, como eu, às vezes se esquece que o Brasil é muito mais do que o que a gente vê! Boas ideias só se tornam realmente boas quando são acessíveis de fato.


Não ter dinheiro para comprar roupas artesanais ecologicamente e socialmente corretas não é o fim do mundo! É possível fazer sua parte consumindo de Fast-Fashion, é só optar por roupas que você continuaria usando depois que a moda passasse porque é realmente parte do seu estilo e ficar atento a qualidade e acabamento das roupas, mesmo que você nunca tenha notado há muita diferença entre a qualidade das roupas em uma mesma loja. Além disso, você pode focar em fazer suas roupas durarem mais.


Além disso, é preciso tomar cuidado para não deixar se enganar por inciativas que aparentemente são preocupadas com as questões ambientais, mas só fazem isso para vender mais. Isso se chama Green-Washing e envolve desde mentir descaradamente que um produto é ecológico quando não é, até mudar as cores das embalagens de maneira que façam o consumidor acreditar que aquele produto é ecológico. "Mas Sofia, isso não é crime!" realmente não é, mas deliberadamente levar alguém a acreditar em algo que você sabe que não é verdade é, no mínimo, desonesto e não tem porque darmos nosso dinheiro para marcas desonestas.

O que você pensa sobre isso? Você acha que esse post somou para você?
Beijos
S.S Sarfati

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